Quer esteja no lote dos viajantes experimentados, quer esteja a programar a primeira viagem a sério com os seus filhos, deixo aqui algumas regras de ouro. São os erros que deve evitar. Tanto na programação de um fim de semana em Paris como no planeamento de uma viagem de longa duração à volta do mundo.
1 – Querer ir a todo o lado
Percebo bem a pulsão. O mundo é demasiado grande e tem tantos pontos de interesse que merecem a nossa visita, que uma vida não chega. E o mesmo é verdade quando pensamos em visitar uma cidade onde há tantos museus, passeios, atrações que queríamos ficar a viver por lá durante muito mais tempo.
Nas viagens, como na vida, há que fazer opções. Quando planeámos a nossa volta ao mundo optámos, deliberadamente, por viajar devagar. Ver menos, para ver melhor – não se impressione com o itinerário, parecem muitos “saltinhos”, mas demoraram mais de dez meses a serem percorridos.
Mais vale pensar em ir visitar menos coisas do que andar a correr de um lado para o outro e não ver, em condições, nenhuma delas. E, recorde, o ritmo das crianças não se compadece com correrias – isso é só para quando estiver na pista do Faísca McQueen na Disneyland.
Por isso, não pense em visitar Louvre e Museu D’Orsay na mesma visita à cidade. Nem em subir ao Arco do Triunfo e à Torre Eiffel seguido. Escolha apenas uma dessas atrações, e faça por aproveitá-las bem. Para que as crianças fiquem com recordações mais duradouras e felizes.
2 – Achar que eles não são capazes
Foi uma coisa que nos aconteceu, também. Achávamos que a Pikitim não iria aguentar grandes caminhadas nem trekkings e que o melhor seria planear um itinerário bastante insular, com muita praia e peixinhos coloridos – pensando que não há mais nada que os motive tanto. Mas estávamos enganados, como se viu na Nova Zelândia durante um dos trilhos do Abel Tasman National Park, onde tivémos a companhia de uma “Pikitim, a exploradora”.
No final da viagem concluímos que poderíamos ter sido mais arrojados no planeamento do itinerário. Quando motivados, os miúdos aguentam tudo. Até caminhadas de um dia inteiro e percursos de oito quilómetros sem pedir cavalitas nem colo.
3 – Ter planeamento muito apertado
Seja porque queremos que os próximos quinze dias de férias compensem tudo aquilo de diferente que não conseguimos ver ou fazer durante o dia-a-dia. Seja porque queremos aproveitar o “já agora que aqui estou, também vamos ver isto e mais aquilo”. A verdade é que muitas vezes somos tentados a preencher um calendário que mais parece uma agenda digna de um executivo de topo.
Se olhar para o seu programa de viagens e vir lá muitas atividades e muitas indicações de horários, assuste-se. E faça tudo de novo. Deixe margem para relaxar, para alterar, para ficar. Planear é bom, planear tudo nem por isso.
4 –Stressar por causa da alteração das rotinas
Quem está a viajar com criança é muitas vezes tentado a pensar que as rotinas de higiene, de alimentação, de sono, não podem ser demasiado alteradas. Os pais receiam que as crianças fiquem mal habituadas ou mal dispostas com a alteração das rotinas, as mães acham que os filhos não podem passar sem uma aplicação do hidratante XPTO ou que será dramático se não tomarem o banho diário nem forem dormir à hora do costume.
Há que fazer cedências. E, acreditem, daí não vem nenhum drama. Nem numa viagem de longa duração, como a que nós fizemos – e onde tivemos de fazer muitas cedências ao nível da alimentação em viagem – muito menos em viagens de duração relativamente curta.
5 – Levar muita bagagem
Deveria bastar pensar que tudo o que levar terá de ser carregado por si para o inibir de querer levar muita coisa na mala. Nomeadamente todos os artigos para as rotinas de higiene que faz em casa, ou todos as peças de roupa e sapatos que ficam bem coordenados. Mas, reconheço, às vezes este bom senso não chega, pelo que é preciso recordar alguns pontos.
Primeiro: se gosta muito de uma peça e tem medo de perdê-la ou estragá-la, não a leve. Segundo: ninguém na praia, no trekking ou na cidade que vai visitar está realmente preocupado com o seu aspecto, com a sua roupa. Nem com a dos meninos. Leve só o essencial, um bom par de calçado, e aposte nas coisas práticas.
E, a não ser que as crianças sejam muito pequenas, o ideal é envolvê-las na preparação da bagagem, para de alguma forma as responsabilizar na escolha do que vão levar. Se tiver curiosidade de saber, por exemplo, o que foi na mochila de uma criança de quatro anos pode ler como a Pikitim preparou a sua mala.
carla prudencio diz
São de facto essas as 5 regras de ouro.
É essencial viajar devagar e disponivel para alterar tudo sem stress. Viajar sem ter o itinerário todo marcado e reservas fixas é para nós uma vantagem apesar de para a maior parte das pessoas possa parecer arriscado.
Não querer levar a casa toda na mochila pois não há necessidade, ser pratico e organizado é o mais importante e claro um pacotinho de detergente tb dá sempre jeito :). Estudar com detalhe o destino ajuda a deixar em casa muita coisa que pode ser adquirida pelo caminho mesmo os consumiveis para bébes, hoje em dia já é muito facil encontrar as fraldas, leites e comidas em todos, ou quase todos, os países.
Sempre viajei e quando nasceram os meus filhos continuámos a viajar. O primeiro saiu com 5 meses e a segunda fez a sua primeira viagem de avião com 4 meses. De ano para ano o peso nas mochilas foi diminuindo com a experiencia, tal e qual como quando também comecei a viajar ainda sem crianças.
Quando são mais crescidos é também muito importante e divertido envolve-los no planeamento e nas escolha dos lugares a visitar e coisas para fazer.
O importante é não hesitar e sair. Levar na mochila muita calma, boa disposição e claro a maquina fotográfica para mais tarde recordar.
Boas viagens
Luísa Pinto diz
O importante é não hesitar e sair. É isso mesmo, Carla! Estamos em sintonia!! As mochilas saem de casa cada vez mais leves, só se podem encher e carregar de boa disposição!
Obrigada pelos seus comentários! e muitas e boas viagens!!!!
José Marecos diz
Concordo, é preciso manter as coisas em aberto pois o ritmo muitas vezes são os pequeninos que o impõem, o mais importante é mesmo ir!
karrapetas diz
Vamos fazer a nossa primeira viagem para fora este verão com o M. de 8 meses e com um na barriga =) o teu blog tem sido uma grande ajuda!
Obrigada.
Bjinho
Reinaldo diz
Olá Luísa,
Estamos planejando uma volta ao mundo com a Família. Tenho 2 filhas , a Maria Rita de 11anos e a Maria Luiza de 8 anos. Minha grande dúvida eh em relação a escola para elas . Não tenho dúvidas que o aprendizado e o Conhecimento ganhos numa viagem destas não tem como medir. Queremos planejar para viajar dentro de alguns meses. Estou lendo seu blog inteiro , alguma dica adicional ?
obrigado
Reinaldo e Familia – Brasil
Luísa Pinto diz
Eu diria, talvez, consultar e acompanhar este curso online do Boots’n’all que conte dicas preciosas para quem está a planear uma volta ao mundo em família. É gratuito, e recebe no e-mail uma dica por dia. Vale a pena.
http://www.bootsnall.com/rtw/30daysfamily