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No palácio do sultão

08.Abr.2012 By Luísa Pinto Deixe um comentário

Indonésia. O nome acarretava uma enormíssima dose de expectativas, acumuladas em crescendo desde o dia da partida para esta volta ao mundo. É que, de acordo com os planos da viagem, a Pikitim estaria na Indonésia no dia do seu aniversário, e esse simples facto era suficiente para a palavra transmitir magia e excitação ao ser pronunciada. Muita e indisfarçável excitação.

Talvez por isso, a verdade é que, desde que chegou à Indonésia, a Pikitim parecia ter vontade de absorver tudo, de conhecer tudo. Mostrava-se entusiasmada pelas novidades que lhe traria este novo país. Queria fazer coisas, apesar de entrar num universo desconhecido. Sabia apenas que iria encontrar muitos “arrozais e búfalos”, sabia do seu aniversário e de uma posterior visita dos avós, e pouco mais. Desconhecia, por exemplo, que ao aterrarmos em Yogyakarta estávamos a chegar a uma cidade carregada de história, um lugar de palácios e sultões, matéria-prima ideal para ter muitas histórias para contar e inventar. “É uma espécie de rei”, foi a resposta simplificada à óbvia pergunta sobre a existência do sultão.

Uma orquestra de gamelão toca no palácio de Yoyakarta
Uma orquestra de gamelão toca no palácio de Yoyakarta

Começámos pelo kraton de Yogyakarta, o antigo palácio do sultão agora transformado em museu, bem no coração histórico de Yogy – como muitos carinhosamente lhe chamam -, onde chegámos de becak, um triciclo pedalado com esforço por um simpático senhor de alguma idade, para deleite da Pikitim.

Sentámo-nos no pavilhão principal do kraton a ouvir um concerto de gamelão que sonorizava uma peça de teatro de marionetes de enredo totalmente imperceptível. Cansada de nada perceber e de inventar personagens para as marionetas que desfilavam à sua frente (incluindo “um português”, porque tinha trajes vermelho e verde, e “uma princesa”, porque estava vestida de branco), a Pikitim indagou: “O sultão já não mora aqui? Eu posso conhecê-lo? Podemos ir a sua casa?”.

Entrada no Tamansari, da autoria de um arquiteto português
Entrada no Tamansari, da autoria de um arquiteto português

Na impossibilidade de concretizar tal desejo, deu-se por satisfeita com a autorização para explorar os vários pavilhões do palácio sozinha, nos quais entrava e saía  para relatar as descobertas: “Aqui estão guardados as antigas roupas do sultão”; “aqui são quadros dele e da família”; “aqui são jóias”, “isto não sei o que é”… O frenesim só parou quando reparou que, por aquelas bandas, os homens “andam de saia” e “têm uns paus enfiados nas costas”. Referia-se aos trabalhadores do kraton, que envergavam o tradicional sarong e traziam facas embainhadas.

Mas a surpresa maior aconteceu à entrada do Tamansari, o “castelo de água” de Yogyakarta, idealizado por um arquitecto português, quando satisfizemos a curiosidade da Pikitim (“Onde é que diz ‘Portugal’?”) e apontamos para uma placa de pedra onde se agradecia o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian na reconstrução do  complexo de piscinas, utilizado pelo sultão e sua família – 35 mulheres e 150 filhos – como casa de férias. Apesar de achar “fixe” ter tantos irmãos, a Pikitim ficou incrédula ao perceber que o sultão escolhia, lá de cima, com qual das suas mulheres iria tomar banho na sua piscina privada. “Não percebo como é que elas faziam para ser as escolhidas”, questionava-se, antevendo um precoce sentido de injustiça perante a unilateralidade da decisão. Ficou bem mais descansada quando soube que, nos dias de hoje, os sultões já não podem ter tantas mulheres.

 

Uma artesã mostra à Pikitim a técnica do batik
Uma artesã mostra à Pikitim a técnica do batik

A verdade é que, hoje em dia, longe de ser apenas a “cidade do sultão” ou uma cidade-museu, Yogyakarta é um lugar aprazível para conhecer e deambular, onde se conjuga uma salutar fusão entre passado e a modernidade. Sem rumo pré-estabelecido, deixámo-nos perder várias vezes por entre as labirínticas ruelas em torno do kraton, conduzidos pelas abertas na chuva que assinala a época e pelo instinto de viajantes. Para a Pikitim, tudo era uma maravilhosa descoberta.

Num atelier de batik, uma técnica de tingimento artesanal originária da ilha de Java em que é utilizada cera quente para “pintar” os motivos no tecido (apenas as partes sem cera ficam efectivamente tingidas), a Pikitim ficou fascinada a observar uma senhora que demonstrava a milenar técnica à porta de uma loja. Tal como nós, que a acompanhamos em vez de entrar, escolher e comprar tecidos, para desalento de um homem que “desinteressadamente” (cof! cof!) fez questão de nos levar até à loja.

 

Pintando marionetas em Yogyakarta
Pintando marionetas em Yogyakarta

Noutra ruela, num atelier de wayang kulits, marionetas feitas em couro utilizadas em teatros de sombras,  apreciou com toda a atenção a minúcia com que um jovem martelava um grande prego para, num verdadeiro trabalho de filigrana, transformar uma velha pele de carneiro numa linda marionete. E não resistiu a aceitar o convite de tentar, ela própria, decorar uma dessas personagens, não parando enquanto não cobriu de cor-de-rosa todas as flores do seu vestido.

Adiante, seguimos o impulso aventureiro que nela começa a despontar (“vamos pai, vamos ver o que há ali!”) e fomos espreitar o que havia  para lá de uma porta circular com ar de entrada num calabouço escuro e frio. Era, na verdade, uma simples passagem subterrânea, e havia música a ecoar naquele espaço com bela acústica. Na outra extremidade do túnel, uma banda amadora tocava ao pé da escadaria, qual banda rock a mostrar talento nas estações de metro das grandes cidades ocidentais. Para a Pikitim, que só se levantou das escadas quando os jovens músicos fizeram tenção de terminar, a curiosidade tinha sido recompensada.

 

Assistindo a um concerto numa passagem subterrânea do centro histórico
Assistindo a um concerto numa passagem subterrânea do centro histórico

Tal como quando decidiu acompanhar o pai num workshop culinário. “Pai, e tu vais cozinhar na cozinha do restaurante?”, perguntou, radiante. Essa possibilidade entusiasmou-a, talvez imaginando o pai de avental e chapéu branco na cabeça transformado em chef Rémy do Ratatui, ao ponto de querer participar no workshop. O dia começou bem, com uma ida ao mercado local para comprar víveres que permitissem cumprir a ementa do almoço – ayan goreng kalasan e sambal goreng sayur. A visita ao mercado, pejada de novos cheiros e condimentos, foi, porventura, a parte mais interessante do workshop mas, no final, uma vez cumprida com esmero as instruções da criadora de paladares que conduziu a sessão, a Pikitim dirigiu-se ao pai e  soltou um benevolente “tu cozinhas mesmo bem”, após provar um simples cracker de arroz, frito sem truques nem ciência.

Compras num mercado local, em Yogyakarta
Compras num mercado local, em Yogyakarta

Foram, portanto, dias de muitas e variadas actividades. A Pikitim não chegou a conhecer o sultão, mas percebeu que passado e presente se vão fundindo com relativa harmonia no quotidiano de Yogyakarta, até pelo facto de ver coisas tão corriqueiras como carroças com cavalos a transportar pessoas no meio da cidade – coisa que a Pikitim fez questão de experimentar. Como seria de esperar, adorou andar de carroça, mas não ficou totalmente satisfeita quando apercebeu que os “pobres cavalinhos” andavam com os “olhos tapados” e eram forçados a apanhar com os fumos dos escapes das motas que literalmente os cercavam nos cruzamentos com semáforos.

Essa consciência tocou-nos. E surpreendeu-nos, até. Talvez um dia a Pikitim se volte a lembrar dos “cavalinhos” de Yogyakarta quando descobrir que o chamado progresso nem sempre é indolor. Já terá valido a pena respirar os gases das motos.

Arquivado em:Volta ao Mundo Marcados com:Indonésia

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Sobre Luísa Pinto

Deixei o emprego com que sonhara (fui jornalista do Público na redacção do Porto durante 14 anos) para realizar um outro sonho que falou mais alto que qualquer carreira profissional: o sonho de viajar pelo mundo em família. Foi durante o ano de 2012. Em 2014, criei o projeto Hotelandia para celebrar os bons exemplos da hotelaria portuguesa.

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