A Criança, ao longo da história da humanidade, foi sempre vista, em todas as culturas, como um ser inferior no seio familiar – o ancião como topo da pirâmide. Na viragem para o século XX, João de Deus Ramos, fundador da Associação de Jardins Escolas João de Deus, apelidava-o, e bem, como século das Crianças.
Nas sociedades europeias do pós II guerra mundial, a importância e os direitos da Criança foram crescendo até à atualidade. As famílias, que antes eram numerosas (“todos os braços” eram fundamentais na economia familiar), passaram a ser reduzidas – os adultos (pais e avós) concentram esforços na “educação/formação” dos mais novos.
Na atual sociedade do “capitalismo selvagem”, em que tudo vale para atingir os fins desejados, a aposta na escolarização precoce das crianças tornou-se num hábito e num orgulho familiar. Há crianças que exibem uma agenda diária digna dum autêntico executivo.
Na primeira infância, a educação e formação em contexto familiar sobrepõem-se claramente à educação escolar. E, na “aldeia global” em que vivemos, o conhecimento alargado do espaço físico e cultural que nos rodeia é fundamental para o desenvolvimento integral do Indivíduo
A viagem que a Pikitim terá oportunidade de realizar em contexto familiar trar-lhe-á um conjunto de ferramentas e aprendizagens que serão a miscelânea perfeita para a construção da sua personalidade e ajudá-la-ão a perspectivar a vida de uma forma diferente e seguramente melhor.
O ser humano viaja desde a sua formação na barriga materna. Viaja quando os pais lhe contam uma história, lhe cantam uma canção ou vão dar um passeio com ele. Todo o ser humano possui a faculdade do pensamento. O pensamento conduz-nos à imaginação, que é forma mais fácil e barata de Viajar.
Quantos de nós viajamos ao ler os livros que povoaram a nossa infância, ao ver um filme que não mais esquecemos, ao fazer uma visita de estudo que recordaremos para sempre…
Num Mundo perfeito, a Escola perfeita teria nos seus currículos a obrigatoriedade de viajar; de interagir com culturas diferentes, com religiões diferentes, com sociedades diferentes. Seguramente “prepararíamos ” adultos mais responsáveis, mais tolerantes, mais compreensivos, mais sábios.
Para uma criança de 4-5 anos, viajar por diferentes continentes acompanhada pela segurança que lhe é transmitida pela presença dos pais, parece-me que trará vantagens acrescidas ao seu desenvolvimento cognitivo, social e pessoal.
Não se trata de uma viagem de “saltimbanco”: sem rumo, sem destino, sem perspetiva; antes duma viagem maturada, organizada, com forte componente cultural, onde a vertente educativa está prevista e planificada. Há a presença física daqueles em quem a criança encontra a segurança: os pais.
A Pikitim experimentará novos “sabores” culturais; novas formas de ser, estar e valorizar a vida. Terá a confrontação da imaginação com a realidade; viverá o gosto da descoberta, da partilha, do desafio, do novo, do desconhecido, do receio, da incompreensão…
São estes os “ingredientes” que me parecem fundamentais para afirmar que esta viagem contribuirá de forma decisiva para o desenvolvimento integral da personalidade da Pikitim.
A Escola da Pikitim apoia indefectivelmente a sua viagem e acompanhá-la-á a par e passo. Aproveitaremos os meios tecnológicos que a sociedade moderna nos oferece para interagir com ela. Será uma experiência nova mas, muito proveitosa. Estou certo de que todos – alunos, professores e família da Pikitim – teremos muito a aprender e ensinar uns aos outros.
Em nome de todos quantos constroem, dia a dia, o Jardim-Escola João de Deus de Matosinhos desejo uma excelente viagem à Pikitim e sua família.
Um abraço amigo,
António Pinheiro
Ana Isabel Monteiro Duarte diz
Que texto fabuloso. Não podia concordar mais. Tenho um “piolho” com um aninho e tanto eu como o Pai temos uma paixão por viagens e sonhamos com o dia (se a crise assim o permitir) em que lhe poderemos proporcionar viagens por culturas diferentes para que possa ver o mundo, aprender e crescer enquanto individuo, pois é isso que as viagens nos proporcionam.
Uma boa viagem para vocês.
Ficamos a aguardar relatos.
Luísa Pinto diz
Olá, Ana Isabel,
sonhar com uma viagem é o primeiro passo para a concretizar. Os sonhos ainda não pagam impostos, por isso há que continuar a ter asas…
Obrigada por nos acompanhar e felicidades para o seu “piolho”.
Luísa
Joana diz
Olá família, sou mãe de uma menina de 5 anos que, apesar de passar todos os anos 1 mês de férias normalmente em África, este ano irá passar 2 meses a viajar pelos doces e quentes sabores da Ásia. Adorei o texto e não posso deixar de rever a minha micro família nele. Desejo uma viagem cheia de coisas boas e vamos continuar a seguir a vossa com toda a atenção. Nós partiremos dia 5 de Janeiro para Bangkok, depois se verá. Se andarem por aquelas bandas pode ser que nos encontremos! beijinhos
Luísa Pinto diz
Olá Joana,
Nós partiremos dia 6 com destino a Singapura… Demasiado perto, para quem, como as nossas famílias, vai para tão longe. Vamos andar pela Tailândia, Malásia, Filipinas e Indonésia. E vocês?
Façam boa viagem pela doce Ásia – do que já conhecemos, gostamos muito. Norte Tailândia, Camboja, Laos, Vietname). Pode ser que dê para nos encontrarmos, e que a Pikitim possa brincar com uma amiga a falar português! Beijinhos
Pedro Valente diz
Olá, não tenho seguido a aventura como pretendia mas, como pai e amante de viajar, ainda a tentar perceber como o fazer com 2 “índios”, foi com grande admiração e curiosidade que comecei a vasculhar a vossa viagem. Que tudo continue bem! Beijos directamente de Matosinhos!
Luísa Pinto diz
Bem vindo a bordo, “vizinho”! Obrigada pelos votos e pela companhia!
Adriana Pasello | Diário de Viagem diz
Luísaaaaa,
Por favor, diga para o Sr António Pinheiro que ele tem uma fã no Brasil.
Se um dia ele quiser respirar ares para além do Oceano Atlântico que entre em contato comigo. Arrumo um trabalho para ele na escola dos meus filhos!
O texto e as ideias nele contidas são primorosos!!!!
Rebecca Dedavid diz
É isso mesmo, as viagens trazem para a criança “vantagens acrescidas ao seu desenvolvimento cognitivo, social e pessoal” – está certíssimo! Adorei!
Viajo com a minha pequena desde os seus 2 meses – seja para trabalhar ou se aventurar!
Sucesso na sua viagem e, acima de tudo, possibilite sempre à sua Pikitim conhecimentos que só por meio das viagens seria possível!
Abraços,
Rebecca.
Rebecca Dedavid diz
PS: somente agora vi que esta postagem é antiga! Mas, parabéns! Agora vou vasculhar o seu blog e me deliciar nele 🙂
Claudia diz
Bom dia. O meu nome é Claudia e não fiquei alheia a este post. Fui aluna do colégio João Deus em Matosinhos. Aliás nasci no Porto, mas vive grande parte da minha vida em Matosinhos. Desde há 14 anos que estou em Lisboa, e tenho dosi filhos pequenos – o Manuel com 9 anos e o António com 5 (quase 6).
O que mais gosto de fazer?! Viajar, viajar e viajar. E apesar de achar que é importante termos um momento a sós enquanto casal, não resisto e levo sempre os meus filhos. O Manuel, pede de presente viajens; o Manuel quer ser piloto quando for grande; O Manuel iniciou o ano de 2014, pedindo como desejo viajar….
Por vezes não é fácil conciliar a nossa viajem (enquanto adultos) com as necessidades e gostos das crianças mas espero com este blog, aprender.
Obrigada.
Claudia
Luísa Pinto diz
Olá Claudia!
Parece-me que o Manuel já nasceu com o espírito de viajante inscrito no ADN. Vai ser difícil de combater. 🙂 E, minha sugestão, não o faça. Viajar, afinal, é uma coisa tão positiva. faz-nos crescer muito. A nós e a eles!
Obrigada pelo seu comentário!
Um beijinho