O primeiro trajeto da nossa viagem não seria empreitada fácil para ninguém. Havia plena consciência disso. Tinhamos de voar para Londres, e dali embarcar na viagem intercontinental. Desde que saímos de nossa casa para o aeroporto Sá Carneiro, às 8h00 da manhã de sexta, até que chegamos ao nosso hostel, em Singapura, às 21h00 de sábado – pelo meio estão as oito horas de diferença horária que separa Portugal de Singapura – seriam muitas horas para qualquer um aguentar.
Talvez seja por isso que uma leitora deste blogue me pediu para contar como foi a primeira viagem intercontinental da Pikitim, curiosa para saber como correu a viagem entre Londres e Singapura, perceber se se tratou de uma companhia “child friendly”, enfim, se as horas de voo passaram rápido ou se foi uma experiência penosa.
Nem uma coisa nem outra. Não passaram assim tão rápido (12 horas são 12 horas!) mas também não foi assim tão difícil de aguentar. Viajámos com a Singapore Airlines, considerada uma das melhores companhias aéreas do mundo. Mas não foi premeditado, apenas foi o mais conveniente no bilhete de volta ao mundo que decidiramos comprar. E acabamos por não tirar partido integral desse reconhecimento que goza a companhia aérea de Singapura. Por exemplo, não chegamos a fazer reservas para que a Pikitim pudesse ter uma refeição especial, preparada para crianças.
A Pikitim teve direito às mesmas refeições que tem qualquer passageiro em classe económica. Lembro-me que escolhemos para ela ravioli com pesto. Comeu os raviolis, deixou o pesto. Comeu muito melhor nas outras refeições servidas durante o voo, onde podia encontrar fruta, leite, sumos. Ela era muito esquisita quer com o pão, quer com os cereais. Por isso, vingou-se nas bolachas preferidas que eu levava na mochila.
A viagem durou quase 12 horas, e destas, ela passou acordada bem mais de cinco. Acordou uma vez durante a noite, para beber água e dizer que não estava “lá muito confortável”: mas a verdade é que ela não teve de dormir sentada, já que se espraiou, deitada, ganhando terreno nos assentos dos pais. A tripulação foi sempre muito atenciosa, trouxe-lhe mais almofadas e mantas, assim como antes lhe tinha dado canetas e papéis para desenhar.
No tempo de voo que passou acordada, a melhor companhia foi “a televisão que está mesmo à frente dos olhos”, onde havia um manancial de filmes e séries para ver. Também havia jogos, mas esse é um universo para o qual ela não revelava nenhuma apetência ou curiosidade. O facto de não haver locução nem legendagem em português não a incomodou. Mas a minha tentativa desastrada de desvalorizar o facto de os primeiros auscultadores que lhe deram não funcionarem já a irritou. “Deixa lá, filha, também não consegues perceber o que eles dizem”, disse eu. Resposta: “Eu não sei falar inglês, mas quero aprender, mãe!”.
Aterramos em Singapura passado três horas de ela ter acordado e tomado o pequeno almoço. E não queria acreditar que quando lhe dissemos que já era quase de noite. “A sério, mãe??!”. Avizinhava-se, então, outra batalha: combater o jet-lag. Mas essas recomendações ficam para outro post.
Aqui a síntese das TRÊS COISAS que não podem esquecer antes de entrar com os seus filhos num avião para uma viagem intercontinental.
1 – Avise a companhia que vai viajar com uma criança
Praticamente todas as companhias pedem uma notificação, que poderá ser feita online, até 24 horas de antecedência. Se puder fazê-lo logo a seguir a comprar o voo, melhor – é a garantia de que depois não se esquece. Esse aviso pode garantir-lhe os melhores lugares no check-in, e no caso de viajar com um bebé poderá reservar o berço que algumas companhias disponibilizam a bordo. Este aviso é também fundamental para garantir uma dieta alimentar mais apropriada para a criança.
2- Vá preparado com os seus snacks preferidos
A criança até pode não ser muito esquisita e aventurar-se em experimentar sumos, iogurtes e bolachas que nunca tinha visto antes – mas é sempre mais seguro levar na bagagem de mão o pacote de bolachas, o sumo preferido, o leite com chocolate que pode ser usado a qualquer hora. E, passe o exagero, sempre que vir uma hospedeira de bordo passar, peça-lhe um copo de água. Vai precisar de toda a água que conseguir beber, nem que isso implique mais idas à casa de banho.
3- Não confie demasiado no entretenimento a bordo
Viajamos em várias companhias aéreas e não houve nenhuma que não tivesse presenteado a Pikitim com um qualquer brinquedo ou passatempo – até a Air Asia, uma companhia que funciona em regime low-cost, lhe passou um folheto para a mão para pintar. Estas novidades são garantia de manter a criança entretida por alguns momentos. Mas não são garantia que os vão entreter o momento todo. Dependendo da idade da criança, se puder leve-lhe um livro, um jogo eletrónico, um leitor de dvd, jogos ou cadernos.
Durante esta viagem fizemos outros voos intercontinentais. Com a Air New Zealand, com a Air Pacific e com a TAP. E a TAP é a melhor delas todas. E não digo isto porque sou portuguesa, ou porque me sinto influenciada pelo facto de nos ter apoiado na viagem de regresso a casa. Digo isto porque é o que a experiência e a consciência dita. Podem encontrar todas as informações sobre viagens com crianças a bordo dos aviões TAP nesta página do site da companhia.
Maria diz
Obrigada Luísa, fiquei mais elucidada. 🙂
E também estou curiosa com o próximo post, sobre o jet-lag. 🙂