Quando a Andrea ofereceu à Pikitim o jogo de cartas Geofamily não deveria saber que acabava de a presentear com a actividade a que ela mais recorreu durante todo o ano de 2012. O jogo estimula a concentração e a lógica, mas também o conhecimento e o interesse pela geografia.
Foi por causa deste jogo que a Pikitim já fez um lista de países a visitar nas próximas viagens: Brasil, Japão, Índia e Marrocos. Ao que parece, a criança não resistiu à beleza e ao colorido das indumentárias femininas. “No Japão as meninas vestem-se mesmo assim? Quero ver!”. E, convenhamos, o vestuário é um critério tão bom como outro qualquer para revelar a cultura de um povo. E, neste caso, até conduziu a uma selecção bem interessante.
Geofamily é um jogo de 36 cartas, cada uma delas com um dos membros (pai, mãe, filho ou filha) de sete famílias de outros tantos lugares do mundo. Cada jogador vai pedindo cartas ao seu adversário (ou recolhendo-as do baralho) até conseguir reunir o maior número possível de famílias completas.
A Pikitim começou a distinguir as famílias pelas cores: “Mãe, tens a filha da família azul clara?”, pedia. Só depois é que as começou a colocar no seu mapa imaginário. Tínhamos, por isso, a família da América do Norte, a da América do Sul (pelos trajes, direi que são da Bolívia), a da Índia e a do Japão, a de Marrocos e de África. E, claro, a família “do país onde vivemos”, isto para se referir ao continente Europa.
Criado pela Janod, o jogo é entregue numa bonita “mala” de cartão, com resistência suficiente para aguentar o entra-e-sai da mochila a que foi sujeito durante os nossos 10 meses de viagem. Perdi a conta às vezes que o joguei com a Pikitim. Nos primeiros países da nossa viagem de volta ao mundo, este jogo era um verdadeiro vício. Era jogado todos os dias, e a quase todas as horas.
À medida que os meses iam passando, a intensidade das vezes com que o jogávamos começou a diminuir, mas a afeição que a Pikitim devotava a este jogo não. Porque ele também servia de quebra-gelo que lhe permitiu conhecer outros meninos, quando estava obrigada a queimar tempo. Lembro-me das tardes que passámos enfiados num simpatico café em El Nido, nas Filipinas, à espera que a chuva passasse. Numa dessas tarde, eu tive descanso, e fui substituída por uma menina italiana no jogo. E a Pikitim aprendeu a dizer rosso, azurro e verde, para se referir às famílias vermelha, azul e verde.
Também em Samoa, e quando o bom tempo e o mar tranquilo convidava a mergulhos mas uma infecção nos dedos do pé a impediam de se aproximar da areia, a Geofamily chegou, por largos momentos, a ser mais convincente para três irmãs neozelandesas do que os mergulhos do mar.
A Pikitim gostou tanto tanto das amigas Njaire, Amy e Lola que chegou a pensar em oferecer-lhes o jogo de cartas – “em Portugal podemos comprar outro, não podemos?”, dizia a Pikitim. Mas as manas acabaram por não levar o jogo, e ainda hoje ele é de vez em quando tirado da gaveta.
E enquanto não se concretizarem as prometidas viagens à India, ao Japão, ao Brasil e a Marrocos, o jogo de cartas continua a ser um ostensivo lembrete.
O jogo está indicado para crianças a partir dos 3 anos e está acessível em muitas lojas on-line.
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