Na altura que guardar as avaliações lectivas da Páscoa e de remexer nos dossiers escolares da Pikitim é que me lembrei que nunca aqui tinha mostrado os desenhos que ela foi fazendo para enviar aos amigos que deixou na escola enquanto andava com os pais a fazer a concretizar o nosso projeto de volta ao mundo em família. Não foi apenas um compromisso nosso, com escola – e que felizes que nós fomos nessa relação com a comunidade escolar, já que partilhamos o posicionamento acerca da educação dos nossos filhos. A comunicação com a escola foi uma vontade férrea que a Pikitim demonstrou ao longo de todo o percurso – ela queria aprender, para depois partilhar com os amiguinhos que não viajavam com ela fisicamente, mas que sempre a acompanharam em pensamento. É que foi mesmo assim.Era mais fácil a Pikitim enviar correspondência para a escola do que o contrário. Nós raramente sabíamos com a antecedência adequada qual iria ser a nossa morada, para que a escola pudesse enviar correspondência física. Ela era, por isso, a maior parte das vezes, digital. Já nós podíamos fazê-lo, pelo que a Pikitim se empenhava em fazer desenhos atrás de desenhos, na expectativa que eles viessem a ser pendurados no mapa-mundo que a escola afixou na parede do maior salão da escola. Ela queria mostrar aos amigos como se diz olá nos países que andava a visitar.
Aqui ficam os primeiros quatro desenhos que ela se esmerou para enviar, dos primeiros quatros países que visitou.
“Good morning”, no inglês que se fala em Singapura
A visita ao jardim zoológico de Singapura foi um dos momentos altos da nossa passagem pela ilha, como documentamos em texto e em vídeo. Compreensivelmente, foi com as girafas de que ela tanto gosta que decidiu dizer bom dia aos amigos da escola.
“Sawat-di-Kaa”, nos fonemas que nos ajudam a falar tailandês
Haveria muitas coisas para desenhar na Tailândia. Os peixinhos das ilhas Phi-Phi, onde fez o seu primeiro snorkelling, as bandejas com fruta que nos serviam ao pequeno almoço, as árvores de borracha que descobriu em Koh Jum e Koh Lanta, mas o cenário eleito para mostrar aos amigos foi a Ilha das Borboletas, como baptizou a ilha de koh Muk.
“Kumusta”, em filipino, arrancou-lhe muitos sorrisos pela semelhança com o português
No topo norte da ilha Palawan, nas Filipinas, fica um “lugar incrível”: a pequena e hospitaleira aldeia de El Nido e uma linda baía e todo o arquipélago de Bacuit. Foram muitos passeios de barco, muitos mergulhos, muitos peixinhos. E um encontro imediato com o Nemo. Quis mostra-los aos amiguinhos.
“Selamat pagi”, em malaio
A subida pelo pé de feijão, como chamou ao teleférico de Langkawi, foi a imagem escolhida pela Pikitim para dizer bom dia aos seus amigos a partir da Malásia.
Foi uma viagem cheia de momentos educativos, com muita aprendizagem. Nestes mesmo países ainda tentou desenhar o “obrigado”, outra das palavras que sempre se esforçou por aprender, em cada país em que entrava. Mas depois já não teve vontade de continuar a fazer este exercício. Já lhe bastava os desenhos inspirados na realidade que continuava, sem precisar de insistência nossa, a deixar no seu Diário. A partir de certa altura, preferiu começar a inventar histórias e a escrever “livros”. E eu não podia ter nada contra. Só podia incentivar.
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