O Diário da Pikitim não existe apenas nas palavras e nas fotografias, escritas e captadas, pela mãe ou pelo pai. O Diário existe mesmo, fisicamente. Não está apenas num, mas em vários objectos. Começou por ser um Moleskine, depois passou para outro tipo de cadernos, até que se fixou em folhas soltas, de tamanho e qualidade variável consoante o país por onde andávamos.
Com o passar do tempo percebemos que este é, de facto, o melhor auxiliar de memória que a Pikitim poderia ter para se lembrar da viagem que fez à volta do mundo com os pais durante 2012. Já passaram muitos meses sobre os primeiros desenhos. E ela gosta de voltar a eles, de dizer onde os desenhou, de recuperar imagens e sensações. Enfim, de recuperar as suas memórias. Começamos hoje a partilhá-las aqui.
#1 Uma casa nos arrozais (24/Fevereiro/ 2012)
É muito comum no sudeste asiático as casas serem construídas sobre estacas. Tal é particularmente verdade nas habitações mais simples, feitas em madeira. Não precisavam de estar muito afastadas do solo – só o suficiente para evitar as inundações e a entrada de bicharada.
O arroz é o alimento base de todos os países asiáticos. A Pikitim começou a perceber melhor de onde vinha, como se plantava e apanhava, em Langkawi, uma ilha da Malásia, onde estivemos apenas quatro dias inteiros. Foi num Museu de Arroz muito didático e educativo que ela viu búfalos de água, e o ciclo da sementeira e colheita. A partir de então, qualquer pedaço de terra cultivada ou mancha verde, poderia ser um arrozal.
A Pikitim fez este desenho da casa nos arrozais em El Nido, nas Filipinas, depois de ter passado a manhã a visitar a escola da aldeia. À tarde dedicou-se a preencher as páginas do seu Diário, e a fazer desenhos em folhas soltas para mandar para os seus amigos na escola. Ainda não sabia ler, mas já conhecia todas as letras. Foi ela quem escreveu o “título”, com os caracteres ditados à distância.
Nota: Esta série de desenhos será publicada de forma aleatória, e não cronológica. Mas terá sempre indicação da data em que cada desenho foi feito. E quando se justifique (ou, para ser mais honesta, quando as suas palavras estejam registadas ou eu me lembre delas de forma cristalina) será acompanhado pelas frases com que ela os “legendou”. Porque ela sempre gostou de descrever exaustivamente o que acabou de desenhar.
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