Estavam para ser três dias apenas. Só uma passagem rápida, um intervalo entre Bali e a ilha de Lombok, ou das Flores, ou uma ainda um outra ilha que nos lembrássemos do vastíssimo arquipélago indonésio. Antes de seguir viagem, queríamos parar uns dias numa das Gili. E entre as três ilhas que compõem o conjunto escolhemos a que nos parecia adequada: nem a maior, Gili Trawagan, nem a mais pequena, Gili Meno. No meio é que está a virtude, e o nossa estava na ilha que se chamava Gili Air.
Não foi propriamente um imprevisto termos ido lá parar, mas pode dizer-se que foi uma sucessão de acasos. De felizes acasos. O primeiro, foi termo-nos cruzado com um casal nas Filipinas que nos garantiu que em Gili Air só era preciso dar duas braçadas desde a linha da praia para encontrar uma tartaruga em alto mar. O segundo foi termos algum tempo disponível entre a saída de Bali e o avião seguinte, para a Austrália, que nos permitia continuar a dar mais uns saltinhos, de ilha em ilha.
São as vantagens de ter as coisas minimamente pensadas e não excessivamente planeadas. Planear é bom, planear tudo nem por isso. A flexibilidade no planeamento é um factor determinante no sucesso de uma viagem.
Gili Air foi uma belíssima surpresa. Havia poucos habitantes (estão recenseados pouco mais de mil) e outros tantos turistas. Não havia engarrafamentos. Nem sequer carros, muito menos alcatrão. Havia bicicletas. E carroças. Uma das páginas do Diário que a Pikitim mais se empenhou em desenhar foi mesmo a da carroça de Gilli Air. Ela estava a adorar o trânsito da ilha – ou a falta dele. “Em Portugal também devia ser assim!”, exclamou. E também havia casas com os telhados a embarrarem no chão – qualquer semelhança com as casas de Santana, na Madeira, deve ser pura coincidência.
E claro, havia as tartarugas. Era verdade. O casal que conhecemos nas Filipinas não se enganou. Só era preciso dar umas braçadas ao longo da linha da praia – e nem era preciso entrar muito pelo mar adentro – para ver tartarugas a nadar.
Ou será melhor dizer a “dançar”? É que depois de as ter visto a nadar no mar, livres, e a afastarem-se dos humanos que as espreitavam, de máscara na cara e snorkel enfiado na boca, a Pikitim achou que elas “faziam como quando estamos a dançar”.
PS – Fui durante alguns meses cronista do portal Sapo Crescer – que entretanto mudou de nome, para Sapo LifeStyle. Por considerar que alguns textos permanecem actuais, e por já não os encontrar online, republico-os aqui.
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