O gosto pelas viagens apareceu com a lua de mel. Adérito e Sandra Lopes perceberam que tinham também isso em comum. “Trabalhávamos para pagar a casa e viajar”, diziam, à chegada de cada viagem, e sempre a pensar na próxima. Os pais reclamavam. Então, e os netos? A neta já chegou há oito anos. É a Francisca, e está mais que habituada a acompanhar os pais e adora andar de avião, já conhece as rotinas dos aeroportos. Mesmo que as viagens internacionais estejam tão condicionadas pelos seus compromissos escolares. “Podemos dizer que temos como objectivo conhecer pelo menos uma cidade por ano. Felizmente este ano já foram duas: Sevilha e Londres”, diz Sandra. A próxima será a Paris.
Sandra Lopes
- Nome: Família Lopes – mãe Sandra e pai Adérito
- Idade: 42
- Profissão: mãe – técnica especialista e pai – director comercial numa empresa tecnológica
- nº de filhos: uma princesa, a Francisca
- idades: 8 anos (acabadinhos de fazer)
- Destino de sonho: Tantos! Se pudéssemos estamos em constante rodopio! Temos claramente uma tendência para cidades cosmopolitas, amamos a Europa. Mas temos espaço no coração para outros amores. 😉
- Filme preferido: As palavras que nunca te direi (sim, sou uma eterna romântica)
- Livro de viagem preferido: as revistas de especialidade estão sempre presentes lá em casa e os blogs de viagens também são sempre uma fonte inesgotável de informação e partilha.
- blog/site: boralaoutravez.blogspot.com – um desejo de família há muito falado mas só agora deitamos mãos-a-obra e por isso está em mesmo a começar. 😉
Quando te falam em viajar com crianças, qual é a primeira coisa que te vem à cabeça?
Confesso que ao princípio stressava um pouco pela questão logística, mas depois aprendi a descomplicar e agora é mesmo: Bora lá!
O que achas que é o melhor de viajar com os filhos?
A possibilidade de sair da nossa zona de conforto. Mostrar e partilhar outras vivências, outros costumes, outras vidas e depois, sermos mais cúmplices sem o rótulo de ‘pais chatos’, pois em férias não há (tantas) rotinas.
E o pior? Ou o mais difícil?
O mais difícil é sem dúvida a questão financeira. Viajar não é barato infelizmente. Paralelamente, a questão da alimentação, pois apesar da Francisca comer muito bem (ainda) é um bocadinho esquisita com a comida, isto é, ela é um bom garfo, mas assim mesmo: de ‘faca e garfo’. Sandochas ou pratos mais saudáveis (saladas e afins) não é com ela, acabando por se reflectir nas nossas opções tornando-as um pouco mais dispendiosas. Mas tudo por uma boa causa!
Qual foi a primeira viagem que fizeste com a tua filha? Tinha que idade?
A primeira viagem que fizemos com a Francisca tinha ela 6 meses, fomos para Tenerife – destino que adoramos e íamos uma semana todos os anos – e ficamos em casa de uns amigos. Comportou-se lindamente – na viagem de avião foi sempre a dormir!
As viagens são programadas com muita antecedência? Quais são as prioridades e as preocupações tidas em conta no planeamento?
Antes da Francisca nascer não programávamos nada. Estávamos atentos a promoções, destinos de interesse e se nos agradava, íamos! Ambos tínhamos a facilidade de tirar férias quando nos apetecesse e, particularmente, fora dos meses de verão. Com a entrada da Francisca para o 1º ciclo (presentemente está no 3º ano, ano bastante exigente), tivemos que ajustar os ponteiros e agora procuramos programar as férias sempre em conciliação com os períodos de férias de aulas, de forma a evitar que falte. A nossa última viagem – Londres – aproveitamos as festas e feriado do concelho e ficamos com um fim-de-semana de 3 dias. A tarefa do pai é procurar na net a melhor combinação preço-horário de voo-aeroporto-hotel, depois de definido o destino. A minha tarefa é estudar o local, fazer roteiros e todas as programações. Depois trocamos impressões e sugestões. A Francisca para já faz perguntas… muitas perguntas: onde vamos, onde fica, quando vamos, é já amanhã, o que vamos ver, onde vamos dormir, que roupa vai levar, vamos de avião (adoooooora, ao contrário dos pais)… Ufa!
Já viveste algum susto, já houve algum contratempo em viagem?
Felizmente nada de grave. Lembro-me de na Tunísia o Adérito ser picado por uma medusa, mas os locais já estão preparados e deram-lhe logo tomate maduro para esfregar na pele. Ainda fomos ao posto médico do hotel mas ficou tudo bem. Em outra vez, na ida para Lanzarote ficamos dois dias sem bagagem – assim que lá chegamos tínhamos barco para um fim-de-semana em La Gomera mas como estávamos entre amigos tivemos direito a roupas emprestadas. O pior mesmo foi o calçado para o Adérito, pois ele era o único a calçar 45. A única solução disponível naquela pequeníssima ilha foi uma lojinha (daquelas que tem tudo e mais alguma coisa) onde encontramos umas sandálias de borracha. Ainda assim foi preciso cortar a ponta dos dedos porque só havia 44! Foi de chorar a rir!
Viajavas mais vezes antes de teres filhos? Com que frequência viajas agora?
Na verdade sim. O despertar foi na nossa lua-de-mel: S.Miguel, Açores. A partir daí e até a Francisca nascer foram 8 anos de muitas viagens: Madeira (incluindo Porto Santo), Republica Dominicana, México, Tunísia (com ida ao deserto Saara), Itália e Escócia (um tour de 10 dias por várias cidades), Praga, Viena, Budapeste, Barcelona, Bruxelas, Frankfurt, Holanda (várias cidades), Tenerife, Gran Canária, Fuerteventura, Lanzarote, Hierro (fabulosa, não há ofertas turísticas para lá, fomos desde Tenerife). A média anual era de 2 viagens, alternando praia e cultura. Quando chegávamos de uma viagem, já só pensávamos na próxima. Costumávamos dizer ‘trabalhamos para pagar a casa e viajar’. E os pais a perguntar ‘então não é agora que vêm os netos?’ 😉 Depois da Francisca nascer e principalmente pela questão financeira fomos obrigados a abrandar as viagens de avião, optando por passear cá dentro. E há tantos lugares lindos neste nosso Portugal. Agora estamos a tentar recuperar o ritmo. 😉 Podemos dizer que temos como objectivo conhecer pelo menos uma cidade por ano. Felizmente este ano já foram duas: Sevilha e Londres. 😉
O que acreditas que vai ficar mais a memória das crianças após uma viagem?
Eles retêm muito mais do que nós pensamos. A experiência de (tentar) falar uma língua diferente é um gigantesco desafio que eles querem desde logo ultrapassar. Agora anda preocupada se nós sabemos e o que sabemos de francês.Acho muita graça à Francisca quando me pergunta se já foi, por exemplo, a Itália e eu respondo-lhe que não. ‘Não?! Tens a certeza que nem estava na tua barriga?’, comenta ela incrédula! E o comportamento/atitude dela num hotel ou aeroporto? Como se fosse uma mulherzinha! Já conhece os rituais… tira sapatos/botas, cintos, relógios, anéis, casacos… recolhe as caixas, arranja-se e devolve as caixas. Está nos genes! – digo eu.
Que dica ou conselhos podes partilhar com quem esteja a pensar em viajar com os filhos?
Vão sem medos. Estudem bem o local e obtenham as informações necessárias em particular sobre cuidados médicos e higiene, caso o destino exija mais pormenor.
Qual é o vosso próximo destino?
Paris – a cidade da luz! Vamos aproveitar o fim-de-semana e feriado de Carnaval. Serão 3 ou 4 dias. Estamos a ver preços, horários. E as dicas da recente viagem da Pikitim estão a ser bem estudadas. 😉
Sandra diz
Obrigada querida Luísa por este espaço!
Muitos beijinhos.
Sandra