Diana Mata, empresária, sempre gostou de viajar. Diz que o meu marido rapidamente ficou contagiado com o bichinho, pelo que começaram a fazer planos de viagem a toda a hora. “Muitos não passam só de planos mas enquanto acontecem de facto ou não vamos andando felizes e contentes a sonhar com a próxima aventura”, explica. A verdade é que nunca imaginaram parar essas viagens só porque tiveram filhos. “Acto egoísta? Talvez. A verdade é que elas adoram e já sonham tanto ou mais que nós. Que dizer? Criámos dois monstrinhos vagamundos”. Convido-vos a conhecê-los.
Diana Mata
- Idade: 38
- Profissão: empresária
- nº de filhos: 2
- Idades: Margarida -10 e Rita- 8
- Destino de sonho: Os meus destinos de sonho têm variado ao longo do tempo. Geralmente venho sempre de um sitio com vontade de ir a outro. Ás vezes basta que alguém conte as suas aventuras em determinado sitio de uma forma mais entusiasta para me despertar a vontade de conhecer um lugar e andar meses a sonhar com ele. Até conseguir ir ou até que outro destino lhe roube o protagonismo. Mas no fundo tenho um carinho especial pela Ásia. China, Nepal, Índia, Butão, Myanmar e Laos são alguns dos sonhos que tenho para um futuro mais próximo. Austrália e Pacífico…são para quando puder sonhar mais alto :).
- Filme preferido: Into the wild , Eat, Pray, Love e A vida é bela.
- Livro de viagem preferido: Não tenho grandes preferências pois de uma maneira geral devoro tudo o que vejo de literatura de viagem. É sempre interessante ver como cada local é visto de forma diferente por cada pessoa. Li recentemente e num ápice o livro “Viagens Contadas” de Maria João Ruela.
- blog/site: 4 da vida airada ainda a começar e para espreitar nos próximos dias
Quando te falam em viajar com crianças, qual é a primeira coisa que te vem à cabeça?
Oportunidade. Nas nossas vidas somos muito absorvidos pelas rotinas e tudo passa demasiado rápido sem que tenhamos tempo para apreciar verdadeiramente a companhia uns dos outros. Dar apoio aos TPC, fazer jantares e afins esgota-nos a paciência mais vezes do que gostaríamos. Penso que seria um desperdício não estarmos com os nossos filhos nos momentos em que mais estamos disponíveis. Por isso cada viagem é uma oportunidade que temos para pôr tudo para trás das costas e aproveitar o que a vida tem de melhor. É também uma óptima oportunidade, enquanto pais, de lhes passar valores. De proporcionar experiências aos nossos filhos longe da sua zona de conforto e de lhes dar a conhecer realidades diferentes da sua, criar memórias em família e fortalecer laços.
O que achas que é o melhor de viajar com os filhos?
Adoro usufruir da sua companhia e poder mostrar-lhes coisas completamente diferentes do que estão habituadas. Permite-lhes valorizar muito mais o que têm, e compreender o quanto são privilegiadas face ao que se passa em outros lugares do mundo. Também adoro a incrível quantidade de perguntas que surgem e que mais uma vez me dá a oportunidade para contar historias, tradições e toda uma parafernália de informação que é absorvida de forma diferente quando estamos in loco. Gosto também de as ver interagir com outras pessoas e fico sempre fascinada como as crianças de diferentes países se entendem sempre de forma tão espontânea sem que sequer falem a mesma língua.
E o pior? Ou o mais difícil?
Sem dúvida o preço. Infelizmente não é barato viajar e muito menos com crianças; acaba por não ser acessível a todas as famílias, o que é uma pena.
Qual foi a primeira viagem que fizeste com os teus filhos? Tinham que idades?
A primeira que fizemos com a Margarida ela tinha 2 meses e meio. Fomos para Punta Cana. Foi uma viagenzinha calma para um destino que não era exatamente o que mais gostávamos mas que serviu para uma primeira experiência além fronteiras com muita tralha e poucas dificuldades. Quando nasceu a Rita fomos a Sierra Nevada tinha ela a mesma idade. Fomos com uns amigos com um bebé da mesma idade e foi bastante positivo, pois permitiu-nos fazer snowboard e baby sitting à vez 😉
As viagens são programadas com muita antecedência? Quais são as prioridades e as preocupações tidas em conta no planeamento?
Nem por isso. Ás vezes até são mesmo muito pouco programadas. Lembro-me em particular de uma vez que decidimos ir passar uns dias a Sierra Nevada: por volta das dez das manhã pensamos ser boa ideia viajar, fiz as malas enquanto pesquisava estadia na net e arrancamos às 13h. Quanto à prioridade, é mesmo partir quanto antes 😉 No que respeita a preocupações limitamo-nos a levar uma farmaciazinha completa – como elas são alérgicas a alguns medicamentos preferimos usar os que já conhecemos. Se o destino o exigir, informo-me das vacinas necessárias falo com o pediatra e besunto-as com repelentes… 😀
Já viveste algum susto, já houve algum contratempo em viagem?
Numa das nossas viagens eu fui picada por um escorpião ao largo das ilhas Phi Phi. Estava escondido no colete que usei quando fui fazer snorkeling e foi um susto não só para mim mas também para as miúdas que pensaram logo no pior. Claro que a situação foi ultrapassada e ficou mais uma aventura para contar. No dia a seguir passámos na fronteira do Laos e aproveitámos para trazer uma garrafinha de aguardente com um escorpião conservado no alcóol. Um recuerdo para servir aos nossos amigos mais corajosos e lembrar esta epopeia.
Viajavas mais vezes antes de teres filhos? Com que frequência viajas agora?
Viajava menos mas porque tinha menos recursos. Quanto à frequência digamos que nunca é tão frequente quanto gostaria. Mas felizmente fazemos sempre qualquer coisa todos os anos. Somos viciados em neve e por isso não passamos um inverno sem dar um saltinho a Andorra ou aos Alpes. Fazemos geralmente uma semana com elas e uma escapadinha sem. No Verão tentamos sempre que podemos fazer uma viagem maior. Tailândia e Camboja, Malásia e Singapura, e Estados Unidos foram as últimas grandes viagens que fizemos em família. Infelizmente espaçadas dois anos umas das outras. Entretanto tentamos colorir o resto do ano com um pulinho ou outro a algumas capitais europeias, por vezes conciliadas com a neve.
O que acreditas que vai ficar mais a memória das crianças após uma viagem?
Não tenho duvida que memorizam muito mais do que nós alguma vez pensamos, pois já tive oportunidade de ler composições onde relataram a preceito situações que viveram quando estávamos fora e das quais não existem sequer fotos. Mas mesmo que não se lembrem de nada do que vêem, enriquecem a todos os níveis mesmo que de forma inconsciente. Tornam-se muito mais autónomas, responsáveis, conscientes e desenvoltas. O mundo deixa de ser um lugar estranho demasiado fora da sua zona de conforto e passam a sentir-se em casa em qualquer lugar. Além disso, e sem que se dê conta, a família fica cada vez mais sólida. Os pais passam também a ter um papel de compinchas de aventura, o que equilibra muito a balança para o nosso lado, já que o resto do ano somos muitas vezes os maus da fita 😉
Que dica ou conselhos podes partilhar com quem esteja a pensar em viajar com os filhos?
Não deixem de viajar com os vossos filhos se de facto puderem. Claro que temos de ir munidos de uma dose extra de paciência mas não vale a pena complicar pois é tudo muito mais simples do que parece. E quanto aos medos, se forem legítimos, certamente são ultrapassáveis com os devidos cuidados. Afinal, nascem crianças em todos os outros países do mundo além de Portugal…and guess what? : sobrevivem ;))
Qual é o vosso próximo destino?
Estamos quase a entrar no inverno por isso a neve já se avizinha… Andorra ou Alpes mais uma vez serão opções a considerar. Quanto à próxima grande viagem possivelmente China.
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