Uma portuguesa, um francês, dois filhos, um cão adoptado, uma carrinha pão de forma baptizada Maria do Mar e a vontade de encontrar a felicidade numa viagem à volta de Portugal em que se propõem a “conhecer o maior número de lugares possível” e “atrair mais famílias, tanto a nível nacional como a nível internacional, a visitarem os quatro cantos de Portugal”. “Queremos, também inspirar indivíduos e encorajar outras formas de turismo para além dos hotéis e pousadas, mostrando os melhores lugares para se dormir ao “ar livre” em Portugal”. Isto é o que eles dizem no blog – Pais com P Grande – e nos posts do Facebook, onde todos os dias vão deixando lições de simplicidade e subtileza. Como esta: “Muita gente pensa que é preciso muita coisa para se ser feliz. A verdade é que é preciso muito pouco. É necessário sobretudo ter-se boa vontade. Boa vontade para gostarmos de nós mesmos, e jamais olharmo-nos no espelho com pena de sermos nós; boa vontade para aceitar a felicidade, boa vontade para sentirmo-nos felizes com a felicidade alheia, boa vontade para deixarmos os sonhos conduzirem-nos, sem perdermos a noção de que somos nós que estamos sentados ao volante. O que o mundo precisa é de mais boa vontade!”.
E deixam-nos também e relatos das aventuras da pequena Gabriela e do ainda mais pequeno Tiago. E depois ainda temos os comentários do “camone“, e eu fico com a sensação de que vai valer muito a pena saber como é que um inglês vê os nossos hábitos – vale sempre a pena saber o que vêem os outros quando estão a falar do nosso umbigo. E no final da viagem – que arrancou há menos de um mês – vai haver um livro. Apertem os cintos, e venham daí.
- Nome: Sofia Isabel Vieira & Quentin Gillet
- Idade: 34 e 30
- Profissão: Blogger/escritora freelance & Consultor de software Servicenow
- nº de filhos: 2 idades: 5 e 2 anos
- Destino de sonho: Para mim São Tomé e Príncipe, para o Quentin, Japão.
- Filme preferido: “Uma mente brilhante” para mim e “The thin red line” para o Quentin
- Livro de viagem preferido: Livros com mapas, geografia e história dos lugares que visitamos.
- Blog: Pais com P Grande
Quem teve a ideia?
Eu, a Sofia.
E porque em Portugal?
Porque é o meu país e queria muito ter a oportunidade de exibi-lo à minha família.
Achas que se não tivesses vivido no estrangeiro, não te lembrarias de fazer esta viagem?
Sem dúvida que estar longe das minhas raízes durante 10 anos, me fez ser “mais Portuguesa”, mais apaixonada pela minha pátria e a minha cultura. Sim, acho que o ter vivido no Estrangeiro teve um grande impacto em querer voltar e fazer qualquer coisa que promovesse o meu país, não só a nível nacional mas internacional também.
Se tivesses de pensar num aspecto só, qual seria aquele que vos define enquanto Pais com P Grande?
A capacidade de assumirmos quando erramos e de não termos problemas de pedir desculpas aos nossos filhos, se a situação o impôr.Sermos os crescidos não nos faz donos da razão.
Quando pensas em viagens com crianças, qual é a primeira coisa que te vem à cabeça?
Organização.
e quando falas da viagem que estás a fazer em família, quais são os primeiros comentário que ouves?
Uau! Que coragem!
Porque escolheste fevereiro para arrancar?
Porque sei que vai ser uma viagem longa e se começássemos na Primavera iríamos quase certamente estar fora no Natal. Marcámos a viagem logo a seguir ao 2º aniversário do Tiago, a prenda dele (ir ao Oceanário) até estava dependente desta viagem.
como está a ser o desafio do inverno numa Maria do Mar e em tendas?
Mais fácil do que eu esperava. A Maria é mesmo muito limitada em termos de espaço e com nós os 4 lá dentro mais a nossa cachorrinha gigante, não há quem passe frio. A tenda serve por enquanto para usarmos durante o dia ou quando chove, ou quando o pai trabalha serve de escritório, e sobretudo como arrecadação de tudo o que tem de sair da Maria para conseguirmos abrir as nossas camas à noite.
O que achas que é o melhor de viajar com os filhos?
As pessoas são muito mais abertas a virem falar connosco, as crianças são um “quebra gelo” em qualquer situação.
E o pior? Ou o mais difícil?
As oportunidades que temos tido desde que começamos a viajar com os miúdos, são as mais variadas. Há um sentimento de confiança, de tolerância e compreensão, e acima de tudo de respeito e admiração porque viajamos com crianças pequenas. Não há nada que eu sinta que seja pior entre viajar com ou sem crianças.
O que é que já aprendeste com esta viagem? Que depois desta aventura duvido que vá conseguir voltar a viver numa casa por muito tempo.
O que acreditas que vai ficar mais a memória das crianças após uma viagem?
A Gabriela já diz que a parte melhor desta viagem é o facto de que ela está com a “família toda” dela a toda a hora. Eu acho que essa memória vai ficar para sempre e talvez inspirá-los a fazerem o mesmo com os filhos deles.
E o que gostavas que ficasse?
O facto de que tudo isto chegou às nossas vidas a pensar na felicidade deles, foi por eles que largamos tudo para vir viver esta aventura em família.
Que dica ou conselhos podes partilhar com quem esteja a pensar em viajar com os filhos? Que se dispam de ideias pré-concebidas e de preocupações. Que sejam flexíveis e vivam o momento.
Para além de vos lermos, atentamente, há outra forma de participar da vossa viagem, e sermos também nós, pais com Ps Grandes?
Decidimos partilhar esta experiência pessoal publicamente, porque queremos mostrar que “enfiar os miúdos numa carripana” e ir por ai, é possível. Ao contrário do que muitos pensam, não está dependente de ganharmos mais dinheiro… No nosso caso foi o inverso, tivemos de começar a ganhar menos dinheiro para podermos ter a oportunidade de fazer esta viagem. Às vezes adiamos os nossos sonhos a pensar que estão dependentes de termos mais dinheiro, mas na verdade se quisermos muito uma coisa, é uma questão de sermos criativos e explorarmos todas as formas de podermos chegar a ela. Ser um Pai com P grande é ser capaz de nos libertarmos de “e se” e mostrarmos aos nossos filhos que tudo é possível se acreditarmos muito e formos à luta.
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