Uma das reações que tive à transformação deste espaço num blogue onde se fala de viagens com crianças em geral foi a de alguém que confessava ficar assustada com “a ideia de viajar com crianças pequenas”.
Há muitas viagens. E há crianças pequenas com muitas idades. Há viagens intercontinentais e há “passeios” de carro. Há bebés de colo, e há crianças com fralda. Todas estas são crianças pequenas. Há muitos casos e, por isso, é difícil aliviar de uma penada o “susto” a esta mãe. Mas este receio pode ser um bom mote para conversarmos sobre qual será a melhor altura para viajar com crianças e quando é que elas estão preparadas para enfrentar as viagens de avião, ou as longas deslocações de carro ou comboio.
Não esqueçamos que há casos em que não há opção, e que há crianças que precisam de viajar mal nascem. A Pikitim tem primas nos Açores, e tem primos nos Alpes. Sem viagens de avião, as reuniões familiares seriam ainda menos frequentes. A primeira grande viagem de carro da Pikitim aconteceu quando ela tinha cerca de meio ano – antes que expirasse a minha licença de maternidade, a que acumulei férias, fomos passar dez dias à zona do Alqueva. E a primeira de avião foi aos 11 meses, para visitar os primos nos Alpes.
Acredito que mais honesto que questionar quando estão as crianças preparadas para viajar é assumir que são os pais quem devem estar preparados. Quando os pais estiverem, as crianças estarão com certeza. Porque as crianças têm com elas, a toda a hora, aquilo que mais precisam: o conforto da presença dos pais.
Uma birra ou choradeira pode acontecer em qualquer sítio e quando menos se espera. Não deve, por isso, ser razão para evitar uma viagem Deixar de fazer uma viagem porque imaginamos que a criança vai chorar, fazer birras, ou ficar doente é que está errado. Porque as situações de choros, birras e doença, também acontecem em ambiente doméstico, mesmo onde temos a “situação” mais controlada, e estamos numa zona de conforto bem delimitada e definida.
Aconteça quando acontecer, não há remédios infalíveis para prever ou evitar birras. Temos de lidar com elas, onde quer que aconteçam. A minha regra de ouro é enfrentá-las da mesma maneira que lidaria no resguardo do quarto, isto é, dando pouca relevância ao incómodo que poderemos estar a causar aos outros viajantes e passageiros. Não é essa a prioridade, nem deve ser isso a aumentar os nossos índices de ansiedade.
A questão da saúde das crianças é a que mais pode e deve inquietar os pais, admito. As doenças, como as viroses, infeções, e aquelas febrículas a que as crianças pequenas estão tão sujeitas pode ganhar outra dimensão quando estamos longe do médico que conhece bem a família. Mas recomendo uma boa dose de otimismo, e uma ainda maior de bom senso.
Não me esqueço nunca das palavras do pediatra da Pikitim, em duas situações distintas. Uma, quando uma prima se questionava se deveria levar o seu quase recém-nascido para passar um fim de semana na gélida Serra da Estrela. Respondeu: “Sabe que os esquimós também têm filhos, não sabe?”. Outra, que se passou comigo, quando a Pikitim apanhou uma estomatite vírica, estávamos nós ainda no primeiro mês da nossa viagem de volta ao mundo, o que nos deixou bastante angustiados. “Também se apanham estomatites no Porto”, respondeu o pediatra, no e-mail. Tanto lá, na Tailândia, como cá, no Porto, onde vivemos, a receita era a mesma: muitos líquidos, e uma boa dose de paciência, enquanto aguardamos que as aftas se vão embora.
E a moral da história é, apenas, a que devemos relativizar.
Quais são as vossas dúvidas e receios sobre viajar com crianças? Quando é que elas deixam de ser “demasiado” pequenas?
joana diz
Tens razão Luísa, são pais que devem questionar se estão ou não preparados para viajar com crianças de determinadas idades. Penso que as crianças mais pequenas desfrutam nas viagens da companhia dos pais, o que poderiam fazer em casa também. A minha filha até aos 2 anos viajou comigo pela Europa, Madeira, Açores e Cabo Verde pelo menos 2 vezes. Era o tempo em que os bebés não pagavam nada para andar de avião. Se ela desfrutou? acho que seria o mesmo se estivesse em casa ( terá desfrutado do calor de Cabo Verde em pleno Inverno) Levei-a comigo pois era a única forma de eu continuar a viajar! O ano passado com 5/6 anos, quando vos encontrámos na Malásia, aí sim estávamos as duas a adorar, a conhecer, a desfrutar da nossa viagem. Aí senti pela primeira vez a minha pequena filha como a minha grande companheira de viagem!
Em relação às doenças e imprevistos…a farmácia que levo nas minhas viagens nunca foi usada…nem para uma simples diarreia. Enfim, foi sorte !
beijinhos e boa sorte com o Blog
Joana e Margarida
Luísa Pinto diz
Obrigada pela partilha, Joana!
Espero que continuem com sorte nas farmácias, e que tenham muitas viagens juntas para contar! Depois, as crianças crescem e já não querem viajar com os pais, dizem-me… portanto, temos de aproveitar!
Beijinhos
Cristina diz
Olá Joana,
Que idade tinha a sua filha quando foram para Cabo Verde e em que altura do ano foram?
Obrigada
Clara Mafalda Gaspar Trindade diz
Adorei “esbarrar” com este blogue!
Adoro viajar e estou grávida do meu 1º filho.
É sempre bom perceber que há situações que são mesmo uma questão de desligar o complicometro ;O)
Já “peguei” ao meu marido o bichinho por viajar, seja para fora ou cá dentro, e espero que o nosso filho venha a ser como nós, que uma vez que tenciono viajar com ele sempre que possível, acredito que lhe ganhe o gosto também!
Obrigada
Luísa Pinto diz
Olá Clara! Parabéns pela gravidez e… bem vinda a bordo!
É mesmo esse o espírito: descomplicar!E lembrarmo-nos que a maternidade não subtrai nada. Pelo contrário: acrescenta. E muito!
Boas viagens, sempre!
Adriana Pasello | Diário de Viagem diz
Olá Luísa! Muito bacana conhecer você e seu blog!
Vi seu link no grupo de Famílias Viajantes do FB e me interessei em ler porque viajamos com nossos 2 pequenos desde muito, muito cedo.
Adorei esta frase do seu post: “Acredito que mais honesto que questionar quando estão as crianças preparadas para viajar é assumir que são os pais quem devem estar preparados.”
Pais preparados + relaxados + felizes = filhos alegres + curtindo a viagem. Bjks
José Marecos diz
Boas,
Gostei do artigo, penso assim também!
Estão convidados a seguir o nosso blog, viajaremos pela América do Sul a partir de Fevereiro com a nossa bebé.
Boas viagens,
Zé
Luísa Pinto diz
Olá Zé
Muitas, boas e felizes viagens com a vossa bebé!A América do sul tem destinos fabulosos. Quando andámos por lá ainda não havia Pikitim… mas regressaria sem pestanejar a muitos dos lugares que amei com ela: Santiago, Atacama, Uyuni, Potosi (aqui, confesso, acho que não a levava a descer até às minas de Cerro Rico ;-)), Arequipa, Machu Picchu, Mendonza, Buenos Aires…
seria uma grande lista, sem dúvida!
Outra vez: boas viagens! Vou seguir atentamente o seu “Um quarto para três”!
Andreia Rodrigues diz
Adoro viajar! De mil formas e feitios e por isso fui seguidora atenta da vossa volta ao mundo. Estando em em 2012 gravida, apreendi com atenção as vossas sugestões de viajar com crianças! Nesta passagem de ano, o Guilherme foi festejar os seus 3meses à Cote D’Azur. Foi uma viagem calma, sem grande aventura, para um sítio bonito e com um clima ameno. Foi uma viagem de experiência! Para ele e para nós! E posso dizer… Vou continuar!!! Correu lindamente! Agora é começar a esticar os voos e as distancias!
Bom ano e boas viagens
Luísa Pinto diz
É esse o espírito, Andreia!
Um excelente ano de 2013, e muitas e boas viagens!
Ana diz
Olá Luísa 🙂
Adorei este acaso de este blog através de outro ter chegado até mim!:)
Estamos e, Buenos Aires há praticamente 7 meses! 🙂 Pai, Mãe e Filha de 2 anos, feitos já aqui em Buenso Aires!:) Quis o destino que trocasse o meu emprego pelo emprego de ser Mãe a 100%… é uma aventura maravilhosa viajar com crianças! Assim como viver um tempo fora com uma criança pequena, sabendo que é uma casa provisória e outro pais se avizinhe! 😉 Ou seja uma nova casa, novos hábitos, novas comidas, novos amigos, novas brincadeiras, mas a mesma ligação, amor e partilha entre uma filha e os pais, quase que dizendo “estou bem onde vocês estiverem bem! Contem comigo!” pois viajar com crianças é mesmo como disse, os problemas só surgem na nossa cabeça e nada mais!!;) Vou acompanhar sem dúvida este blog, porque cá em casa adoramos viajar, temos uma filha com espirito de viajante e acima de tudo amamos ser pais!!:)
Marcia Henriques diz
Olá Luisa! Estou rindo a toa depois de ver suas viagens. Isto porque sou brasileira e vivo na Madeira. Já fui com minha filha ao Brasil 3 vezes, ela tem 3 anos, sendo que uma delas sozinha. Agora que vamos (eu, ela e o papai) fazer umas mini férias em Madri, estou cheia de medo dela ficar doente. Ao mesmo tempo compreendo que no Brasil era avião e casa da minha mãe, e em Madri é tudo desconhecido…
Um Beijão
Marcia
Luísa Pinto diz
Olá Marcia
Continue rindo, que o optimismo é mesmo a melhor maneira de encarar as viagens e a vida! E, na verdade, que é que pode correr mal na “desconhecida” Madrid???
Aproveite bem a viagem, e divirtam-se
Um beijinho
Maria diz
Olá Luisa! Adorei conhecer o seu blog. Sou mamã de primeira viagem, isso depois de me tornar viciada em viajar pelo mundo. Vivo rodeada de pessoas que se assustam facilmente com o que faço com o meu piolho, mas foi decisão minha inclui-lo em todas as minhas atividades. Assim, viajei pela primeira vez com ele quando ainda não tinha sequer 2 meses… e nunca mais paramos 🙂 Agora com 2 anos, e depois de viagens por toda a Espanha, Milão , Praga, etc… estamos a planear algo mais “mundial” 🙂 E depois de conhecer a vossa experiencia, já estamos a definir datas!!
Cristina diz
Olá Maria,
Para onde viajaram com a vossa filha com 2 meses?
Obrigada