O P.A. é um menino de dez anos. É um grande amigo da Pikitim e é, também, uma prova viva de que não há idade para começar a traçar objectivos, a fazer planos e a amealhar poupanças para os concretizar. O sonho do P.A. é ir conhecer a Austrália. Porque é longe – fica do outro lado do mundo – e porque é muito diferente das paisagens que conhece em Portugal e em alguns países (sobretudo na Europa) que já conseguiu visitar com os pais.
Quando lhe pergunto directamente quando é que começou a alimentar esse sonho – e se foi, por exemplo, desde que viu um canguru, num programa de televisão ou num jardim zoológico – ele não sabe responder. Só diz que quer lá ir, porque sim. E que já sabe que o bilhete de avião é muito caro, por isso tem de poupar dinheiro.
De longe, em Portugal, enquanto foi acompanhando a viagem à volta do mundo da Pikitim, sei que prestou particular atenção à Austrália. E, aparentemente, não se terá desiludido, já que se mantém de ideias fixas. Mesmo quando, porventura com alguma maldade, lhe vamos dizendo que ali ao lado, também no outro lado do mundo, está um país que, do que conhecemos, teria ainda mais características para encher as medidas dos seus gostos, e os dos pais. Isto porque conhecendo bem a familia, sabemos o quanto dão valor às actividades de outdoor e à exuberância da natureza.
Mas a viagem à Nova Zelândia é a viagem de sonho dos pais. E todos os nossos argumentos esbarram na sua convicção. A viagem de sonho do P.A. continua a ser a Austrália. Por isso, inibe-se de pedir aos pais para comprar jogos para a PlayStation ou para a Wii (confesso que nem sei qual delas há lá por casa), nem para fazer outro tipo de gastos. Já deu para perceber que, até quando é para comprar um gelado, o P.A. faz cálculos às despesas. Dá gosto ver uma criança assim. Sem ser avarento, é antes obstinado. E a razão é das melhores.
O pé de meia do P.A. já é significativo. Aniversários, comunhão, prendas de familiares. E ele continua a poupar. E a dizer aos pais que o dinheiro é para meter na conta do banco, porque um dia ele há-de ir conhecer a Austrália. E não lhe faltam razões para isso. Mesmo nós, que só andamos pela zona do deserto, encontramos muitos argumentos: os seres vivos mais antigos do mundo (os estromatólitos), uma praia sem areia mas com pequenas conchas, uma “floresta” de árvores de pedra, dar de comer a golfinhos sem sair da praia… Vale a pena poupar para viajar. Até para ir ao deserto.
PS – Fui durante alguns meses cronista do portal Sapo Crescer – que entretanto mudou de nome, para Sapo LifeStyle. Por considerar que alguns textos permanecem actuais, e por já não os encontrar online, republico-os aqui.
PS2 – O pai da Pikitim escreveu um post muito útil com 11 formas de poupar dinheiro para viajar
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