O que são bons museus para crianças? O que procuramos quando procuramos um museu? Procuramos conhecimento, partilha, cultura e entretenimento. E procuramos ser surpreendidos. Esta resposta serve para os adultos, mas não é preciso pensar muito para admitir que ela assenta com uma luva quando estamos com crianças.
Os museus não têm de ser (e são cada vez menos, felizmente) espaços cinzentos e aborrecidos que só agradam aos mais entusiastas e entendidos sobre determinado tema. Os museus podem ser (e são-no cada vez mais) espaços onde as crianças podem brincar aprendendo, podem alargar os seus conhecimentos através de brincadeiras – e elas estão sempre disponíveis para isso: para conhecer, e para brincar.
Durante a viagem de volta ao mundo visitamos muitos museus. Alguns dedicados especialmente às crianças; outros nem por isso. Perguntamos à Pikitim quais os seus preferidos. A resposta não foi surpreendente (curiosamente, aparecem por ordem cronológica de visita; leva-nos a concluir que, de facto, também nos museus o primeiro amor é sempre o mais marcante).
1 – Museu Pambata, Manila, Filipinas
A entrada do Museu lê-se que vamos entrar onde o conhecimento começa e a brincadeira nunca mais acaba, e depressa o pudemos confirmar. O Museu Pambata tem várias salas onde é feita uma abordagem simples, mas muito eficaz, a várias temáticas importantes, relacionadas com a diversidade e a ecologia, com a ciência e a civilização. A Pikitim depressa elegeu as suas salas preferidas: aquela onde podia brincar a varias profissões numa “aldeia global”, e a sala do corpo humano, onde apreendeu noções muito importantes sobre os aparelhos digestivos, respiratórios e motores. Perdi a conta às vezes que ela quis entrar numa boca gigante e “descer” pelo labirinto que a conduzia ao esófago, estômago, intestino…
A Pikitim gostou tanto, tanto que não queria sair do Museu quando ele estava a fechar. E convenceu-nos a voltar ao que ela chamava de “Museu das Crianças” num outro dia, antes de deixarmos a capital das Filipinas, rumo à ilha de Palawan.
2 – Museu Te Papa Tongarewa, Wellington, Nova Zelândia
O Museu Te Papa Tongarewa é o museu nacional da Nova Zelândia, onde podemos aprender tudo sobre a história e as características naturais e culturais daquele país. Mas é também um lugar incrível, para miúdos e graúdos. Visto de fora, impressiona pela dimensão e pela arquitectura, instalado que está numa localização fantástica, em plena marginal da cidade. Para nós foi a visita mais interessante que pudemos fazer em Wellington, a capital do país.
Pode dizer-se que no Te Papa se comemora o Dia Internacional do Museu todos os dias: está aberto todos os dias do ano (das 10h00 às 18h00; e à quinta feira só fecha às 21h00), e a entrada é sempre gratuita.
Podemos passar um dia inteirinho sem nos cansarmos. E há atracções e colecções que justifiquem voltar várias vezes. O museu é organizado em cinco temas: arte, história, Pacífico, cultura maori (os primeiros habitantes da Nova Zelândia) e ambiente natural, espalhados por cada um dos cinco andares do museu. Em cada um desses andares há um “Discovery Centre” – uma espécie de sala de atividades para os mais pequenos com monitores que os envolvem em várias atividades. Mas os miúdos não precisam de estar nessas salas pensadas para eles para gostarem do museu.
Passear pelos andares do Te Papa significa ver lulas gigantes ou fazer um bungee jumping virtual, caminhar sob pontes suspensas e atravessar florestas tropicais, ou até estar dentro de uma pequena casa quando se sente um terramoto. Um dos aspetos que a Pikitim mais gostou neste museu foi o mapa luminoso gigante da Nova Zelândia que a ajudou a perceber os lugares por onde já tinha andado.
3 – Children’s Creativity Museum, São Francisco, Estados Unidos da América
Chamava-se Zeum, mas mudou de nome há pouco mais de dois anos. Agora chama-se Children’s Creativity Museum e o nome diz quase tudo. É o sítio onde as crianças põe literalmente a mão na massa e dão asas à sua criatividade, recorrendo às ferramentas mais tradicionais – sim, também há plasticina, papel e lápis de cores – às mais tecnológicas.
Este espaço bem localizado no centro da cidade de São Francisco está munidos de ipads e computadores, de estúdios de som e imagem que permite transformar os pequenos criativos em inspirados actores de teatro e cantores ou em talentosos realizadores de animação. Foi mesmo a parte da animação que a Pikitim mais gostou de fazer. De construir personagens, primeiro em recortes de papel, depois moldadas em plasticina, e ir criando uma animação, filmando frame a frame cada um dos movimentos que idealizou.
O tempo que lá perdemos (seria mais honesto dizer que ganhamos!) a fazer dois pequenos filmes ajudou-a a perceber melhor o tempo e o trabalho que está por detrás de cada filme de animação que tanto gosta de ver.
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