• Contactos

Diário da Pikitim

Viajar com crianças

  • Início
  • Viajar
  • Educar
  • Famílias Vagamundos
  • Volta ao Mundo
    • O projeto
      • Itinerário
      • Clipping
    • Fotos
      • Singapura
      • Tailândia
        • Koh Yao Yai
        • Railay
        • Koh Jum
        • Koh Lanta
        • Koh Muk
      • Malásia
        • Langkawi
      • Filipinas
        • Manila
        • Puerto Princesa, Palawan
        • El Nido, Palawan
      • Indonésia
        • Java
      • Desenhos da Pikitim
    • Vídeo
    • Diário
Você está aqui: Home / Volta ao Mundo / A cidade das artes na ilha dos deuses

A cidade das artes na ilha dos deuses

06.Mai.2012 By Luísa Pinto Deixe um comentário

Está escrito em muitos guias, brochuras turísticas e em fóruns de viajantes. Chamam a Bali a “ilha dos deuses”, um jargão turístico que se percebe e aceita depois de nos habituarmos a ver que os espíritos são, de facto, omnipresentes e justificam cerimónias a todo o momento. E, mais que em qualquer outro local, Ubud é uma pequena urbe onde essa espiritualidade parece pulsar mais forte. Foi aí, no coração da ilha de Bali, que assentamos arraiais para a mais prolongada estadia neste ano de itinerância planetária. E o local não poderia ter sido melhor escolhido.

Numa casa rodeada de arrozais na aldeia de Penestanan, arredores de Ubud, a Pikitim recebeu uma aguardada visita dos avós e vivenciou de perto uma encantadora mas dura vida rural. Quando ainda trazíamos as malas para dentro de casa, reparou num homem de pele curtida pelo sol, com as costas curvadas e os pés enfiados na lama, ocupado a revolvê-la. No dia seguinte, o homem encheu o terreno com pés de arroz alinhados, plantando-os um por um, numa longa e árdua jornada. Todos os dias a Pikitim reparava no tamanho das plantas, e apercebia-se das mudanças. Uma semana depois, tinham mais do dobro do tamanho. E quando vínhamos embora, já estavam “gigantes”.

A Pikitim adorou os arrozais de Ubud
A Pikitim adorou os arrozais de Ubud

Ela reparava em tudo quanto era arrozal. Não só à porta de casa, mas todos aqueles que compunham a paisagem nos muitos passeios que fizemos no interior da ilha. Depois de ter visto o arroz em várias fases de crescimento, a ser escolhido e a ser posto a secar, sentenciou que se tratava de “um grãozinho tão pequenino, mas que dá tanto trabalho”.

O valor do trabalho foi um dos aspetos que a Pikitim mais deixou sobressair durante a sua estadia em Ubud. Não apenas devido aos trabalhadores dos arrozais, mas também pelas muitas mulheres que, diariamente, sete dias por semana e muitas horas por dia, passavam à porta de casa com bacias cheias de areia na cabeça. Acartavam areia para as muitas obras de construção em curso nas redondezas, e a Pikitim mostrou-se deveras sensibilizada pelo esforço que algumas dessas mulheres notoriamente faziam: “são senhoras já tão velhinhas e ainda andam com estas coisas tão pesadas à cabeça; devem ser muito pobrezinhas, e precisam do dinheiro”, disse, um dia.

Mas houve, também, outro tipo de trabalho com o qual a Pikitim se deixou impressionar: o dos artistas. É retemperador estar em Ubud também por causa desta comunidade de gente inspirada e inspiradora. Artesãos, escultores, dançarinos, pintores de telas ou de tecidos. Gente inspirada pela paleta de verdes com que os arrozais tingem a paisagem, pelo colorido das flores e dos templos, sempre ornamentados, e pelo incrível azul do céu. Bem perto de Penestanan, encontramos um professor de artes visuais que deixou a Pikitim a coçar a cabeça, por causa da complexidade do desenho de uma deusa Shiva. “Que difícil, não é?”, admirou-se. E gente inspiradora, que pela qualidade do que faz e pela placidez com que executa os seus trabalhos nos deixa com vontade de experimentar. Foi o que fez a Pikitim.

Vista do templo Gunang Kawi, Bali
Vista do templo Gunang Kawi, Bali

A primeira arte tipicamente balinesa que captou a sua atenção de criança foram as danças tradicionais. Foi num espetáculo de Legong, impecavelmente executado pelos Gunung Sari, uma companhia fundada em 1926 e que integra uma magnífica orquestra de gamelão. Durante a quase hora e meia que durou o espetáculo, em nenhum momento a petiza deixou de prestar atenção ao enredo que se desenrolava perante os seus olhos. Deixou-se encantar pela perícia das “mãozinhas das meninas”- os dedos das mãos dos dançarinos representam, por si só, um espetáculo único. Surpreendeu-se por o rosto das bailarinas não revelar nenhuma expressão – “pareciam marionetas, aquelas caras não se mexiam! Nem um sorriso!” . E espantou-se com o “menino soldado”, o guerreiro Baris, muito representado na iconografia balinesa: “ele não se mexia, não mexia a cabeça nem nada, e tinha umas coisinhas no chapéu que não paravam de se mexer”. E assim era, num facto revelador da elevada carga de tensão física em que decorre a dança Legong.

As danças chegaram a ser uma hipótese para a Pikitim experimentar, mas ela perdeu a vontade de aprender quando assistiu aos ensaios infantis que semanalmente decorrem num dos mais interessantes museus da cidade, o Agung Rai Museum of Art (ARMA). “Isto é muito difícil, não vou conseguir”, avisou, decidida. Mas havia tempo e vontade para tentar executar uma das muitas artes balinesas – esculturas em madeira, joalharia, culinária, pintura, batik, danças, oferendas -, e em Ubud não falta gente disponível para ministrar workshops de todas elas. Entre todas as opções, a Pikitim disse que preferia aprender batik, alegando que gostaria de fazer um sarong ao seu tamanho.

Ensaio de gamelão e legong no museu ARMA
Ensaio de gamelão e legong no museu ARMA

Não foi difícil encontrar quem lhe fizesse a vontade e a ensinasse a pintar o seu sarong. Escolheu uma flor de lótus como desenho (feito com uma cera especial que impede a absorção de tinta), e elegeu como cores o rosa e o violeta para preencher todo o tecido. Uma vez pintado, o sarong foi então a “cozer” a altas temperaturas, num processo químico que permite estabilizar a cor com que se decoram os tecidos tão bonitos quanto úteis – ou mesmo obrigatórios, se em mente estiver a visita a um dos muitos templos existentes em Bali.

E há templos cuja visita é imperdível, sobretudo os chamados “templos da água”. Por exemplo, o muito conhecido Pura Tanas Lot, cujo acesso depende das marés e, por isso mesmo, estava inacessível quando o tentámos visitar. Ou o muito venerado Pura Ulu Watu, que ficará sempre na memória da Pikitim como o templo onde um macaco lhe roubou a havaiana e lhe deu uma grande dentada (e que grande susto ela apanhou!). Ou ainda o Pura Tirta Empul, onde uma nascente de água é tida como sagrada e os crentes ali se vão banhar para tratar doenças do corpo e do espírito. A Pikitim, no entanto, diz que o que mais gostou foi o de Gunang Kawi, por ter “estátuas cravadas na rocha e uma paisagem muito bonita”, no coração de uma montanha. E assim era.

Preparativos para as festividades do aniversário do Pura Batur, segundo maior templo de Bali
Preparativos para as festividades do aniversário do Pura Batur, segundo maior templo de Bali

Não faltam templos na ilha dos deuses. Há os “templos da água” e os “da montanha”, os templos comunitários de cada pequena aldeia e até os espaços de oração indispensáveis em cada complexo habitacional familiar. E cada arrozal tem um altar para homenagear Dewi Sri (a deusa do arroz e das colheitas). A vida de Bali está intimamente ligada aos deuses e espíritos e, apesar de Ubud ser o epicentro dessa devoção, a vida de Ubud é também uma vida de prazeres mais terrenos, ligados às artes e ao hedonismo. Cirandar pelas ruas de Ubud, entrando e saindo de galerias, cafés e restaurantes, livrarias e spas é também uma “arte” da qual desfrutamos em abundância. No caso da Pikitim, para além das danças Legong e do batik, nem era preciso mais que a sua piscina em Penestanan para a vermos feliz. Ao melhor estilo de Ubud.

Arquivado em:Volta ao Mundo Marcados com:Indonésia

Planeie as suas viagens com crianças

Voos baratos
Procurar hotéis
Seguro de viagem


Sobre Luísa Pinto

Deixei o emprego com que sonhara (fui jornalista do Público na redacção do Porto durante 14 anos) para realizar um outro sonho que falou mais alto que qualquer carreira profissional: o sonho de viajar pelo mundo em família. Foi durante o ano de 2012. Em 2014, criei o projeto Hotelandia para celebrar os bons exemplos da hotelaria portuguesa.

Deixe um comentário Cancelar resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Olá, sou a Luísa

Luísa Pinto durante uma viagem em famíliaSou mãe, jornalista, viajante e a autora deste blog. Conheça-nos

Últimos posts

  • Uma coroa de margaridas, e uma linda mensagem anti-bullying
  • Yes we can
  • Famílias VagaMundos #24: Catarina Freitas e tripulantes do El Caracol
  • E este ano lá vamos nós ao Andanças
  • Diário de viagem #22: Os Golfinhos de Monkey Mia

Últimos comentários

  • Inês Rodrigues em Apanhar conquilhas na Culatra
  • Rui Ribeiro em Serra da Estrela – Uma ida à neve e uma má experiência na restauração
  • Rui Ribeiro em Serra da Estrela – Uma ida à neve e uma má experiência na restauração
  • macwintech em Serra da Estrela – Uma ida à neve e uma má experiência na restauração
  • silva em Andorra com crianças: as dicas de Isabel Sofia Silva

Onde dormir bem

Na Hotelandia estão a melhores recomendações em Portugal. No Booking encontram soluções para qualquer parte do mundo.

Hotelandia

Os nossos sites de viagens

  • Alma de Viajante
  • Hotelandia
  • Rostos da Aldeia

Sobre nós

Gostamos de viajar. De brincar ao ar livre. De ter tempo de qualidade em família. De dormir em casinhas nas árvores. De percorrer países em casas com rodas. De viajar de avião. De andar de comboio. De conhecer pessoas novas. De ter amigos de culturas diferentes. De não gastar muito dinheiro.

Sobre · Contactos

Vale a pena ler

  • Saúde em Viagem
  • Dicas para evitar o jet-lag
  • Viajar de avião com crianças
  • 5 Erros a evitar no planeamento
  • 10 dicas para uma mochila mais leve
  • Como tornar uma viagem mais barata
  • Bilhetes de Volta ao Mundo: comprar ou não

Redes Sociais

O Diário da Pikitim está presente nas principais redes sociais. Acompanhe-nos no Facebook e no twitter, e viaje nas fotos que deixamos no Instagram e nos boards do Pinterest .

  • Bloglovin
  • Facebook
  • Instagram
  • Pinterest
  • Twitter
Copyright © 2021 · Diário da Pikitim - viajar com crianças · Todos os direitos reservados · Política de Privacidade · Contacte-me