Conheço muita gente que vai adiando viagens com os filhos para cidades de outros países alegando que eles não vão achar piada. Acham que eles se vão cansar, que não gostam de andar a pé, às vezes ao calor, e que pode haver muita confusão. Por isso, quando pensam em viagens, o destino acaba por não variar muito – ou, então, se muda a localização acaba por não diversificar muito os ingredientes. A receita de sucesso é sempre uma casa com praia por perto, e algumas atividades nas redondezas.
Mas essas mesmas famílias que não se metem a fazer viagens para as grandes cidades, já se empolgam a programar longas viagens de carro ou a experimentar aviões para levar as crianças a um parque de diversões. Por exemplo, ao parque da Warner em Madrid, ou ao EuroDisney, em Paris.
É certo que parece muito mais fácil motivar uma criança a aguentar uma viagem se for para ir conhecer “onde vivem” os desenhos animados que tanto gostam de ver nos filmes ou na televisão. Mas eles também se motivam nas cidades, e aqui não é só a minha experiência a falar. Lá vou eu invocar outra vez as pessoas que conheço – felizmente, o meu ciclo de amigos é vasto e diversificado, e toda a gente tem alguma coisa para nos ensinar. Uma amiga contou-me que programou uma viagem a Madrid, e que toda a família se divertiu muito no parque da Warner. Mas no final também todos ficaram com pena de terem conhecido tão pouco da capital espanhola, pelo que estão a pensar em lá voltar.
A regra devia ser a mesma: se nós, enquanto pais, achamos que eles estão preparados para ir passar três dias dentro de um parque de diversões, a enfrentar descargas de adrenalina e picos de excitação, se muitas vezes estamos dispostos até a enfrentar filas de espera debaixo de sol inclemente, porque é que achamos que eles não vão gostar de andar a bater perna numa cidade, a entrar e a sair em museus ou em cafés?
Os miúdos também apreciam arte e arquitectura – e têm uma maneira irresistível de a interpretar. E gostam de ouvir outras línguas e experimentar outros sabores. Eles vão sentir-se em casa, desde que os pais estejam por perto. Nós por cá já decidimos: uma das próximas viagens será a Paris. E não vai ser para ir à Eurodisney.
PS – Fui durante alguns meses cronista do portal Sapo Crescer – que entretanto mudou de nome, para Sapo LifeStyle. Por considerar que alguns textos permanecem actuais, e por já não os encontrar online, republico-os aqui.
PS2 – Entretanto, já fomos a Paris. Pode ler o nosso roteiro de 72 horas em Paris com crianças, e as nossas dicas e sugestões de transportes, alojamento e alimentação . Ou então, saber os truques e conselhos de quem lá vive, como a Carla R.
Carla Dinis diz
Olá Luísa,
Concordo consigo, as viagens em cidade podem ser tão ou mais estimulantes para os miúdos, basta pensar e fazer um programa adequado às idades. No ano passado os meus filhos experienciaram dois tipos de viagem muito distintos, mas adoraram cada uma delas, Londres e Bali. Eles tinham 6 e 4 anos acabados de fazer e mostraram que afinal não eram assim tão pequenos para explorar uma cidade como Londres. Sempre disponíveis para ver e conhecer. Fomos ao British Museum, ao de História Natural (ou não fosse o meu filho um apaixonado por dinossauros…), ao da ciência, andámos de metro, de autocarro, de táxi, vimos o Big Ben, o palácio da rainha (claro!), experimentámos um Pizza Express, o Rain Florest, fomos ao Hamleys, Hyde Park e Kensington Garden e fomos à Torre de Londres. Quisemos que eles fossem ao teatro e o Rei Leão foi o escolhido. Andámos por Covent Garden e comemos cupcakes. Hoje só perguntam: onde vamos este ano?!
Carla
Luísa Pinto diz
Boa Carla!
E já lhes sabe responder? Onde vão este ano?
E, já agora, quer participar no nossa montra de Famílias VagaMundos? Temos de destruir os mitos de que viajar com crianças é complicado!
Carla Dinis diz
Sim, já temos destino para este ano: México! Um destino que tem sido adiado por várias razões, mas este ano vamos mesmo conhecer as civilizações Maia e Azteca, comer burritos e tacos, ver tocar os mariachis e beber umas margueritas (os pais!). Claro, também vamos querer dar uns belos mergulhos e se possível ver peixinhos coloridos e nadar com tartarugas e golfinhos.
Tenho todo o prazer em participar na montra de Famílias VagaMundos.
Cláudia diz
Eu também fui a Londres com a minha filha quando ela tinha 18 meses. Ela adorou. Esteve sempre tão sossegada a observar tudo. Gostava de andar de autocarro. E eu e o meu marido acabamos por fazer passeios por sítios de Londres que não teríamos feito se fossemos sem ela. Mais parques, mais arredores sossegados, mais esplanadas de cafés….
Este ano ela tem dois e meio e vamos escolher outra capital europeia. Porque ainda nos falta coragem para ir para destinos que impliquem medicação e vacinas e porque não gostamos de praia.
Juli diz
Já me privei bastante de viagens que queríamos muito fazer por causa da idade das crianças. Mas refleti melhor sobre o assunto e cheguei à mesma conclusão que você: eles aguentam e se divertem, sim! Não precisa ser só uma praia ou um parque de diversões para agradar a criançada!
Eles estão com 7 e 9 anos agora, e estamos planejando uma viagem pela costa da África do Sul, 20 dias dirigindo, conhecendo diversas paisagens, destinos e safáris! Claro, tudo planejado e com segurança.